quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Entrevista: Bruna Tang

Desde pequena o que Bruna Tang mais gostava de fazer era cantar durante o banho. O hábito inspirou o nome do seu grupo, um dos projetos eletrônicos mais bacanas da atualidade – Undershower.

A belorizontinha que hoje mora em São Paulo é uma “front-woman” de olhar vanguardista. Bruna foi idealizadora do primeiro projeto de electroclash de São Paulo, o 2yummy e hoje empresta a voz ao Undershower e ainda assim encontra tempo para modelar, produzir e também discotecar.

Se debaixo do chuveiro tudo é válido, atrás do microfone e das pickups Bruna só consegue levar uma coisa: Um descompromisso de quem se permite se divertir em todas as situações. Impossível não se render a seus encantos e não cair na pista, afinal Bruna Tang te pega pelo braço e te tira pra dançar! 


Como é para uma mineira morar em São Paulo?
Eu já me acostumei a morar na “selva de pedras”... Foi muito difícil no começo, parecia que a cidade iria me engolir. Sinto falta do cheiro de mato, do horizonte perfeito das minhas montanhas e principalmente da minha família que reside em BH. Já viajei o mundo todo, em alguns lugares eu morei e outros foram só de passagem... Talvez esse fato tenha me ajudado a quebrar um pouco meu elo com minha cidade natal. Sou uma cidadã do mundo, mas nunca deixo de vir a BH quando quero recarregar as baterias!

Qual a proposta do Undershower?
O projeto Undershower nasceu assim que eu sai do 2Yummy. Estava super a fim de investir num lado musical mais consistente e profissional, saindo da linha electroclash caricata. O nome Undershower faz menção aos cantores de chuveiro que soltam suas vozes nos mais diversos repertórios, na maioria das vezes deixando escapar um gosto musical que ninguém próximo conhece... No chuveiro vale tudo, de Iron Maiden a Ivete Sangalo (risos). E é assim que a proposta do Undershower se traduz na melhor forma, no hedonismo de comportamento não só na música, mas também no lifestyle geral. Um descompromisso de quem se permite se divertir em todas as situações! Com o Undershower pude aprimorar minha voz, explorar mais instrumentos orgânicos como a guitarra e levar minhas letras de forma mais adulta ao nosso público, deixando de lado as brincadeiras quase infantis do meu antigo projeto, mas sem desprezar a veia sexy que toda frontwoman tem!

Como está a repercussão do seu novo álbum?
Já estamos no nosso terceiro EP, e isso me deixa muito feliz! Como não vendemos os cds, temos o privilégio de presentear as pessoas que sabemos que vão desfrutar da nossa música em muitas situações diferentes... Os amigos amam ouvir no carro, e quase todos me pedem outro cd por algum amigo do amigo ter levado o seu embora pra casa...e assim eu vou atingindo mais e mais ouvintes e conhecedores do Undershower. De ouvido em ouvido o projeto vai andando pra frente dentro de um nicho selecionado amante do electrorock.

Fale um pouco da sua carreira como Dj atualmente.
Normalmente eu ataco de DJ em eventos fechados, não sou DJ por natureza, sou uma pessoa musical desde criança e gosto de dividir o som que carrego em minhas referências. Tudo é, na verdade, um grande pretexto pra me divertir na noite com pessoas animadas e que tenham a diversão como inspiração, assim como eu!

Você foi idealizadora do primeiro projeto de eletroclash de São Paulo, o 2yummy. Como você acha que é a cena da música eletrônica em geral no Brasil?
O Brasil, infelizmente, demorou um pouco para digerir as bandas de música eletrônica nacionais... Criou-se uma cultura em volta dos DJs por muitos anos, impossibilitando uma abertura pras bandas. No começo dos anos 2000, quase ninguém conhecia que no Brasil já existia projetos como o Cansei de ser Sexy e o 2Yummy. Foi realmente um marco zero pra quem investia na cena. Já ouvi de alguns artistas brasileiros que o 2Yummy inspirou o início de seus respectivos projetos, e isso me deixa com sensação de missão cumprida. Hoje em dia, já existe uma aceitação melhor das bandas eletrônicas, já livres do preconceito de que banda sem instrumentos orgânicos não é banda. E com a entrada dos grandes festivais de música, a grande massa pode ter maior visão de bandas eletrônicas “gringas” e acreditar que no nosso país também tem espaço pra essa vertente. Mas como tudo no Brasil tem que ser mais digerido pra poder ser assimilado, acredito que tenhamos perdido muitos talentos que foram exportados por falta de espaço dentro do circuito nacional.

Você vê diferença na noite paulistana da época que começou com o eletroclash e agora?
Vejo sim! Na época do electroclash as pessoas carregavam consigo uma onda mais desapegada do convencional. As pessoas se jogavam mais! Permitiam-se levar por uma atmosfera mais juvenil e mais vanguardista. Hoje em dia a noite não pertence mais a um nicho específico, tudo é mais misturado, o que também resulta numa miscelânea musical bacana, mas torna o alvo mais complicado de se atingir. Na cena electroclash as pessoas não se importam com o que os outros vão pensar... é uma cena mais livre de preconceitos e ditames. Hoje a cena já se preocupa mais com estéticas e é mais presa a tendências de fora.

E sua carreira de modelo, você acredita que contribuiu para o sucesso hoje do Undershower?
Minha carreira de modelo me deu bagagem artística e vontade de ampliar mais minhas formas de expressão. Cheguei num ponto da carreira que eu já não me satisfazia mais somente em trabalhar com o corpo... Eu sempre quis mais! Pude enxergar o mundo como um TODO e percebi que eu podia ir mais além do mundo da moda. Na verdade, uma coisa está ligada a outra sim, posso dizer que minha carreira de modelo teve até uma prorrogação por conta das bandas. Trabalhei mais pela visibilidade que meus shows trazem. Um rosto e um corpo bonito ajudam e muito, e aliando isso a um conteúdo musical foi como a tampa e a panela. Quem não gosta de ver uma moça bonita empunhando um microfone e fazendo um barulhinho bom?!

O que você mais curte fazer: modelar, atuar, cantar, discotecar... ?
Eu amo viver, e todas essas características se completam, fazendo uma maçaroca só! Não consigo distinguir uma coisa da outra... pra mim cantar é atuar que é discotecar que é modelar uma referência... Tudo se encontra dentro do mesmo saco. Ta aí a que eu mais amo... Poder desempenhar muitas coisas que se resultam numa só, no sucesso de ser feliz levando arte e música pros olhos de quem quer ver!


Curtiu? Então vem pra BAGUNSSA nessa sexta-feira (02). Acredite: você não vai saber o que está perdendo enquanto não assistir uma apresentação do UNDERSHOWER!!! 


Por Lorena Martins

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