sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Carnaval dos malditos

É Carnaval! E Carnaval sem as tradicionais marchinhas não tem graça! Mesmo começando nos anos 20, até hoje as famosas musiquinhas animadas fazem a alegria da moçada e são tradicionais em toda folia. Bom, separamos aqui 3 marchinhas e a história delas. Quem fez o texto foi meu colega de profissão e também apaixonado por música, Raphael Vidigal, no seu texto "O Carnaval dos malditos", elaborado especialmente para o blog do Velvet.

1- Eu quero é botar meu bloco na rua (1972) – Sérgio Sampaio:

Com sua loucura lúcida (como já disse Lygia Fagundes Telles a respeito de Caio Fernando Abreu), Sérgio Sampaio criou uma das mais emblemáticas canções de carnaval de todos os tempos. Em meio à ditadura militar que se instaurara no Brasil, o compositor baiano, tido por muitos como maldito, dá uma aura lamentosa à festa popular mais famosa do país ao entoar versos confessionais em tom melancólico, emendando logo na sequência o refrão esperançoso que garantiu o sucesso da canção: “Eu quero é botar meu bloco na rua, brincar, botar pra gemer...”. Além do conteúdo sexual abordado no refrão há também referências ao uso de drogas, tudo feito com muito deboche, misturando lamento e alegria e dando seu aval definitivo à velha e abrasileirada máxima: sexo, drogas e carnaval.




2- Alô...Alô...? (1973) – Maria Alcina:

Com vestimentas exóticas e coloridas e uma voz potente e grave, Maria Alcina sempre foi uma das artistas mais controversas do país, tendo sido censurada na época da ditadura e sumido definitivamente do imaginário do grande público devido ao episódio. “Alô...Alô...?”, de André Filho, foi gravada originalmente por Carmen Miranda e o Bando da Lua em 1941, e regravada por Alcina em seu disco de estréia em 1973. Alcina é uma das cantoras que mais regravou e se aproximou do estilo alegre e espontâneo da portuguesa enraizada brasileira e se tornou um ícone carnavalesco nacional, pois mesmo maldita, representa o carnaval na essência. Uma artista que foi perseguida e sofreu preconceitos e no entanto jamais abandonou a ousadia e a alegria, continuando a desfilar com plumas e paetês, confetes e serpentinas pelas passarelas do carnaval no qual ela transforma a vida.


3- Jardineira, Pastorinhas, Máscara Negra e O teu cabelo não nega (1979) – Raul Seixas e Wanderléa:

Pode se estranhar que o mais famoso roqueiro brasileiro e a musa da Jovem Guarda estejam nessa lista, mas em 1979, quando gravaram juntos as marchinhas “Jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, “Mal me quer”, “Pastorinhas”, de Braguinha e Noel Rosa, “Máscara Negra”, de Zé Ketti e Pereira Matos e “O teu cabelo não nega”, de Lamartine Babo, nenhum dos dois estava mais no auge e nem representavam o primeiro time de cantores de marchinhas de carnaval daquele tempo nem de tempo nenhum. Esse dueto inusitado revela a invasão de dois ícones de gêneros completamente diferentes num dos mais fechados e protegidos patrimônios nacionais. Raul Seixas e Wanderléa cantando marchinhas tradicionalíssimas de carnaval são, portanto, dois marginais.



Gostou? Você pode ouvir o Raphael Vidigal na Rádio Itatiaia, com seus textos lidos no programa "A Hora do Coroa" a partir de meio-dia aos domingos. Ou então, acesse o blog dele aqui.

Um comentário:

  1. queridissimos Bruna Miranda e cia, plis, façam uma balada permitida pra menores de 18 anos!! bh ta super fraca de baladas para nós!
    mas e aí, sera que rola?
    aguardo resposta ;)
    bjos!

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