segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Vicky Cristina Brasil?

No embalo do sucesso de Vicky Cristina Barcelona, a prefeitura do Rio de Janeiro quer convidar Woody Allen para usar a cidade maravilhosa como cenário em um de seus longas, daqui a dois anos. Pode parecer factível, visto que o cineasta norte-americano tem a agenda livre para 2010, e que a prefeitura de Barcelona (junto com o governo da Catalunha) efetivamente injetara(m) 10% da verba do orçamento de Vicky Cristina, mas, artisticamente falando, não faz o menor sentido, porque – para começar – o Brasil não tem nenhum Pedro Almodóvar. Vicky Cristina Barcelona é, conforme a crítica apontou, um diálogo bem construído entre o universo nova-iorquino de Allen e o mundo espanhol de Almodóvar. Desde os atores, Javier “Carne Trêmula” Bardem e Penélope “Volver” Cruz até a tragédia que encontra a comédia, a aventura que encontra os excessos e a racionalidade que cede aos apelos da paixão. Scarlett “Cristina” Johansson – a musa sexy, já há três longas, do diretor – faz, justamente, a ponte entre a existência altamente estruturada de sua amiga Vicky e ao caos existencial de Javier “Juan Antonio” Bardem e sua problemática musa, Penélope “María Elena” Cruz. O filme funciona porque o diálogo efetivamente acontece, entre as duas cinematografias – o que está longe de ocorrer entre Nova York e o Rio, em matéria de sétima arte contemporânea. A não ser que Woody Allen puxe por, sei lá, Carmen Miranda... Glauber Rocha – se vivo fosse – poderia se converter numa opção, mas não seus atuais colegas de Cinema Novo – que: ou já passaram da idade; ou se renderam aos apelos da televisão; ou, tout simplement, abandonaram o metier. O Rio de Janeiro não vai morrer se não tiver sua obra-prima nova-iorquina em película. Vicky Cristina parece naturalíssimo, mas só foi possível porque a Espanha, de alguma forma, “investiu” em cinema nas últimas décadas; o Brasil, nem tanto. Assisti-lo – e deleitar-se com ele – é menos risco, por enquanto.

Julio Daio Borges - Editor do site Digestivo Cultural

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5 comentários:

  1. adorei o texto!! agora falta ver o filme! =)
    o blog cada dia mais interessante!
    bjos

    ps: gostaria de concorrer a uma entrada pra sexta, se vier acompanhada de uma passagem em jatinho super sonico! hahahah

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  2. Ahhhhhhh... eu assisti... Vicky Cristina Barcelona... o melhor!

    Acho q tenho várias "Marias Helenas" na minha vida!!! rss rss

    Claaaaaaaaaaro que desejo muito concorrer a um... ou uns convites básico pra poder curtir muito na velvet...

    Beijão!!!

    =)


    lucas-godinho@uol.com.br

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  3. Gostaria de concorrer a cortesia pra sábado, 10/01
    Luana dos Santos Dias
    luh.smith@gmail.com
    Obrigada!
    :]

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. olha...
    posso discordar? rs
    assisti vicky cristina barcelona e não vi diálogo algum com almodóvar! claro que, após ler o texto muito bem escrito, consigo pensar em algumas aproximações (sempre válidas) mas o elenco foi contratado seguindo simplesmente a lógica dos atores espanhóis mais "bombantes" do momento, acredito eu, e não por serem atores típicos da filmografia do almodóvar. até pq seus filmes feitos na inglaterra por exemplo, são completamente autônomos e especialmente match point é um espetáculo.
    fiquei empolgado de ter uma história do tio woody ambientada aqui no brasil! e se o diálogo não se dará no caso com nenhum diretor daqui, com certeza será com a cultura brasileira. estou curioso pra ver o resultado..

    (já que pode, vou pedir uma cortesia, pra sábado, dia 10... rs - joaopaulo_mail@hotmail.com!)

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